Batimetria do baixo estuário do Rio Cachoeira, Ilhéus, Bahia, com base na carta náutica de 1988.


Um estuário pode se definido como um ambiente costeiro que possui conexão restrita e pelo menos intermitente com o oceano adjacente. Os estuários podem ser divididos em três zonas distintas: a “zona de maré do rio, em que há oscilação do nível da água devido à maré, porém sem mistura com a água marinha; a “zona de mistura”, onde ocorre a mistura da água doce da drenagem continental com a água do mar e a “zona costeira”, correspondendo à região costeira adjacente que se estende até a frente que delimita a camada limite costeira (KJERFVE, 1989).

Em virtude de muitos estuários estarem localizados em regiões muito povoadas, diversos impactos, como a transformação dos manguezais em depósitos de lixo, aterros para construção de imóveis e locais de despejo de esgoto, vêm alterando esse ambiente. Apesar de todos estes impactos, os estuários ainda são utilizados para a obtenção de organismos que compõem a base alimentar, e também econômica, de expressiva parcela da população. 

A área mais externa do estuário do Rio Cachoeira também é denominada de Baia do Pontal, área onde situava-se o antigo porto de Ilhéus até a década de 1960.

O presente trabalho tem como objetivo descrever a morfologia do fundo do baixo estuário do Rio Cachoeira.

Os dados batimétricos e da linha de costa do baixo estuário do Rio Cachoeira (Figura 1) foram obtidos da Carta Náutica nº 1201 de 1988. Os dados foram utilizados para a construção de arquivos vetoriais com o software ArcGis® 9.  O software GPS TrackMaker® 13.2 foi utilizado para a exibição da escala e coordenadas geográficas.

Imagem de satélite do baixo estuário do Rio Cachoeira (Google, 2008).



De acordo com a carta náutica de 1988 a Baia do Pontal apresenta profundidades de até 17 metros, em área próxima à Avenida 2 de Julho. Há a presença de um canal com profundidade superior a 3 metros que se estende desde a Sapetinga até a plataforma continental adjacente. Este canal atinge profundidade de até 10 metros entre a Sapetinga e a Avenida 2 de Julho e em frente ao Morro de Pernambuco. Profundidades superiores a 10 metros só são encontradas em área próxima à Avenida 2 de Julho (Figura 2).

A batimetria da área de estudo de acordo com a carta náutica 1201 em 1988 apresentou padrão semelhante com os dados batimétricos da Baia do Pontal de 1976 apresentados por Franco et al. (2006).  No entanto, a morfologia do fundo foi expressivamente diferente da encontrada em 1941 (Franco et al. 2006).

O resultado encontrado reforça a hipótese de que a morfologia do fundo em 1941, quando o canal não encontrava-se bem delimitado, possuía grande influência de dragagens realizadas na área. Em função da necessidade de manutenção de uma profundidade adequada para a operação do antigo porto sediado no interior da baía, dragagens foram realizadas até o ano de 1955. Tal procedimento possivelmente provocou modificações na morfologia do fundo que também puderam ser constatadas em anos posteriores, como algumas áreas restritas com profundidades muito elevadas em relação às áreas adjacentes (Franco et al. 2006).


Batimetria do baixo estuário do Rio Cachoeira de com base na carta náutica 1201 de 1988.

Referências

FRANCO, G.B.; LAVENÈRE-WANDERLEY, A.A.O.; MOREAU, M.S. Estudo comparativo da batimetri (1941-1976) da Baía do Pontal, em Ilhéus – Bahia. Caminhos de Geografia, 7 (18): 37 – 46, 2006.

GOOGLE INC. 2008. Google Maps. Disponível em < http://maps.google.com.br>. Acesso em 18/10/2008.

KJERFVE, B. Estuarine Geomorphology And Physical Oceanography. In Day, J.W.Jr., HALL, C.A.S., KEMP, W.M., YAÑEZ-ARACIBA, A. (Eds). Estuarine Ecology, New York: JONH WILLEY & SONS, 1989. 558p.

Fabrício Lopes de Carvalho

Recebido em 20/08/2009; Publicado em 31/08/2009

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